domingo, 2 de junho de 2013

Pingos da Noite

Fn

Todos nós iremos um dia,

se já não fomos.

O que sobra, o que resta, o que vai ficar?

Filhos, netos, bisnetos, a sua prole?

A lembrança de quem amou?

Ou os desenhos que fez, as músicas que compôs?

Pés no chão?

Os prédios que projetou, os tijolos que assentou,

o dinheiro bem guardado, até que a morte vos separem.

Pensou nisso?

Um sorriso tem prazo de validade, qualquer sorriso.

Mas ninguém gosta de lembrar.

Escrevo por escrever,

sem segundas intenções.

Mais para ter certeza que de todos nós algo sobrará,

como as patas de um dinossauro de museu.

Assim mesmo, talvez.



Uma promessa, um rosto perdido.

Sem dialogar, cada um tem seu jeito de ser,

não parece mas é,

um jeito todo seu de sentir e de sonhar,

mesmo quando alguns encostam outros na parede.



Pingos da noite.

na rua da praia,

o vento fino empurra os ruídos de volta ao mar.

A pedra que está na rocha não sabe quanto vale.



De vez em quando bate uma saudade de tudo,

de ir além quando já está.

Já teve isso?

Ir além sem se matar?



Escrevo por escrever.

Para entender um porquê

que já não há.