sábado, 31 de dezembro de 2011

Textos Paralelos


1 - Conatus

Ontem assisti pela TV ao jogo Cruzeiro X Grêmio, no Mineirão. Naquele mesmo horário jogavam, no Paraná, Coritiba X Atlético MG. Pois bem, a cada gol do Coritiba, a galera do Cruzeiro vinha abaixo. Penso que os torcedores no estádio gritavam mais e ficavam mais felizes com a tragédia do Atlético do que nos gols do próprio Cruzeiro.
É assim no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Porto Alegre, em Curitiba... Se o adversário/desafeto for rebaixado para a terceira divisão, os torcedores do outro time vão torcer para que ele caia para a quarta, para quinta... até que cheguem ao futebol de praia. Contudo, ficarão felizes se o adversário jogar a toalha e abandonar o futebol? Nunca! A felicidade do vitorioso só é completa quando o derrotado lá está para testemunhá-la e assim comprovar a superioridade do primeiro.
Mas, atenção! Isso que acontece nos grandes centros não se repete nas pequenas cidades. Assim o Codornense, de São João das Codornas, tem como principal adversário o São João Atlético Clube. Se um deles perder para o Grêmio Esportivo Barra do Arapiraca, todos os torcedores da cidade de São João das Codornas ficarão tristes e lamentarão a desdita. Por quê?
Aí é que entram Hobbes, Spinoza e o Conatus. São João das Codornas é um município muito pequeno, quase indefeso diante da prepotência dos Arapiracanos. Precisam se unir se quiserem sobreviver.
Porém (ai, porém...), se por um acaso descobrirem petróleo em São João e, em consequência, o município começar a crescer e a atrair polpudos investimentos, fiquem certos que em breve, muito em breve mesmo, vamos assistir à guerra entre codornenses, de um lado, são joanistas, de outro, com direito a quebra-quebra e pancadaria. Ou vocês não entendem de futebol?


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Na concepção de natureza humana é básico o conceito de conatus, a força genética do comportamento. É um impulso original ou "começo interno" do movimento animal para se aproximar do que lhe causa satisfação ou para fugir do que lhe desagrada. Esse conatus impulsiona o homem a vencer sempre. A vida começa com o conatus positivo, o desejo. Em termos de vida social, ultrapassar o outro é fonte primordial de satisfação, por isso estar continuamente ultrapassado é miséria enquanto ultrapassar continuamente quem está adiante é felicidade. É da sua natureza o egoísmo, constituído por "um perpétuo e irrequieto desejo de poder e mais poder que só termina com a morte" .

O conatus provoca "guerra de todos contra todos", é o estado natural em que vivem os homens, antes de seu ingresso no estado social. O homem é governado por suas paixões e tem como direito seu conquistar o que lhe apetecer. Como todos os homens seriam dotados de força igual (pois o fisicamente mais fraco pode matar o fisicamente mais forte, lançando mão deste ou daquele recurso), e como as aptidões intelectuais também se igualam, o recurso à violência se generaliza .

Instinto de conservação. Mas, além do conatus, governa o homem também o instinto de conservação e este leva ao desejo da paz. Deixado meramente a si mesmo, o instinto de conservação é abertura para a violência enquanto esta não é um risco, e, ao mesmo tempo, para a paz tática que prometa conservação. Assim se define o campo da lei natural de sobrevivência.

Por isso o instinto de conservação é peça tão fundamental na filosofia de Hobbes quanto sua idéia do conatus, porque para ele, ao contrário do pensamento aristotélico que tem o homem como um animal social, os indivíduos entram em sociedade só quando a preservação da vida está ameaçada. E estaria ameaçada pelos próprios indivíduos, se cada qual tudo fizesse para exercer seu poder sobre todas as coisas. A paz é a dimensão mais compatível com o instinto de conservação.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Atendendo a pedidos, aí vai a Reforma Ortográfica Ilustrada (Clique para abrir o post)


Em prosseguimento aos nossos estudos da língua portuguesa após a "magnífica reforma ortográfica", vamos agora tratar de uma expressão muito conhecida e tentar ilustrar de acordo com as novas normas.
Trata-se de "PELO SIM, PELO NÃO..." 



1 - PELO SIM: 




2 - PELO NÃO:



Gostaram da Reforma Ilustrada? Apreciem com moderação.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Pense bem no que vai pensar...

Quando tudo for passado, restarão as palavras? Lancinantes, anestésicas, canforadas? 

Não há nada demais por trás delas senão a intenção detonada, um suave envolver de parte a parte. Cínico?
O ladrar de um cão interrompe a madrugada, prova viva
que o passado já estava a caminho. Se o cão é cão verdadeiro,
o ladrar, as palavras, traz de volta, emaranhadas, ecoando na lembrança, esta sim quimera, pura ilusão da boa que um dia haverá de se perder, mas não há porque pensar nisso agora.
Os sonhos? Um, dois, muitos se vão mas o coração, este sim
marca passo.
O mal não há de ser suavizado, o perfume da manhã a todos regenera enquanto as ditas palavras, um dia pensadas sem serventia, impunes agonizam.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Aquário

Fn


Virá um tempo
a tempo virá
só de ouvir
sem murmurar.

Todas as letras
musicadas
feitas
desfeitas
rabiscadas.

As músicas
todas elas
bem letradas
choro sem lamento
cifra despautada
acorde sonolento
a cara amarfanhada.

Será tempo de sentir
e não dizer
nem fingir
evoluir.
Retroceder?

O nada que se busca
nada encontra.
Flutua
verte
como água
toca a pele
adentra o corpo.
Por fora
parece lavar
em vão.
Por dentro
esse oculto inundar
de solidão.