- I -
Ambiente em penumbra, semi-escuridão. Mão feminina acende a luz da cozinha. Atrás dela entra um homem, os dois falam ao mesmo tempo: "Ah, não..."
A mulher completa: "...Zildinha foi embora e deixou essa pilha de louça pra gente lavar?"
Homem: "Isso é que é diarista"
Mulher: "Só lembrando: Zildinha vem três vezes por semana, de acordo com decisão do Tribunal do Trabalho, deixou de ser diarista para ser empregada fixa"
Homem: "Isso é que é empregada fixa... Deixa que eu lavo esta merda"
Mulher: "Se não falar palavrão é melhor. Pode deixar que eu lavo"
Homem: "Merda não é mais palavrão, tá até no dicionário do Euzébio"
Mulher: "Que Euzébio, porra?! É Aurélio, Au ré lio!
Homem: "Tá vendo? Errei o nome de propósito pra mostrar que você também fala palavrão, todo mundo fala..."
Mulher: "Posso saber que palavrão que eu falei?"
Homem: "Falou 'porra' Ou porra não é mais palavrão?"
Mulher: "Você não falou que merda não é mais palavrão? Então, porra também não é"
Homem: "Essa é boa... Até parece que você não sabe a diferença entre a merda da louça e a porra da empregada"
Mulher: "Não chama Zildinha de porra, mas se quiser chamar a louça de merda pode chamar, foi presente da sua mãe"
Homem: "Ah, é? Fique sabendo que você tem uma porra de uma merda de empregada"
Mulher: "Não fala assim, vai que ela ouve e resolve ir embora? A gente táfu, caraca..."
Homem: "Táfu é dos velhos tempos, significa 'tá fodido', não é? E caraca o que é senão...? Mais dois pra sua coleção de nomes exóticos. Ninguém "táfu" porque a empregada não tá mais aqui. Deixou a louça pra gente lavar, lembra? Caraca..."
Empregada entrando na cozinha: "Posso saber quem é que não tá mais aqui, seu Magalhães? Deixei tudo aí em cima da pia de propósito, só pra ver quem é que ia falar mal de mim"
Mulher: "Zildinha!!! Você viu que eu te defendi, não viu? Magalhães é que fica falando essas bobagens, liga não..."
Zildinha: "Defendeu, dona Doroty... Defendeu, sim, mas sem muita convicção. Acho que vou embora e deixar a louça de presente para os dois"
Magalhães: "Não faça isso, dona Zilda. Esquece, vai... Você sabe que Doroty tá com aquela dorzinha nas costas. Se for lavar a louça, grita a noite inteira"
Zildinha: "Eu já ouvi ela gritando a noite inteira, mas não foi de dor não, viu, seu Magalhães, conheço bem essas safadezas"
Doroty: "Quê isso, Zildinha? Olha o respeito, olha o respeito..."
Zildinha: "Desculpa, Dô. É que esse homem me provoca, me tira do sério"
Magalhães: "Só rindo, só rindo mesmo... Vou lá pra sala assistir ao programa político, hoje é o PLP"
Doroty: "Que PLP é esse, Magalhães?"
Magalhães: "Partido do Lava Pratos, bye-bye"
- II -
Doroty sentada no sofá da sala assiste a um programa da TV a cabo. Zildinha entra e pergunta:
Zildinha: "Dona Doroty, a senhora me empresta seu marido um pouquinho?"
Doroty: "Claro, Zildinha... Pode levar. Péra aí, o que é que você quer com o Magalhães? Posso saber?"
Zildinha: "Nossa, Dô... Né nada demais não. Só queria que ele trocasse uma lâmpada no quartinho dos fundos, eu não alcanço, mas seu Magalhães, aquele homão, dois metros de altura por um e cinquenta de largura..."
Doroty: "Chega, chega, chega... Você tá quase babando, menina. Magalhães chegou da rua ainda há pouco e tá no banho. Quando ele sair, eu peço pra te procurar lá no quartinho, mas vê lá, hein... vê lá...
Corta para cena no quartinho dos fundos. De roupão, Magalhães sobe num banquinho e tenta tirar a lâmpada queimada. Zildinha "ajuda" segurando as pernas do patrão.
Magalhães: "Zil, faz favor de tirar a mão daí... Tá me fazendo cócegas".
Zildinha: "Só tô querendo ajudar, segurando pra não cair. Vai que o senhor leva um escorregão..."
A mão de Zildinha sobe e Magalhẽs exclama:
Magalhães: "Tarada!"
Nesse momento, Doroty aparece na porta do quarto e pergunta:
Doroty: "Quem é tarada? Que história é essa?"
Magalhães: "Não é 'tarada', falei 'barata!!!"
Doroty: "Uuuuiiii... Barata? Onde, onde?"
Zildinha: "Calma, Dô... é barata no sentido de ganhar pouco, entendeu? Até seu Magalhães concorda que eu tô ganhando pouco mesmo e me prometeu um aumento, não foi?"
Zildinha belisca a coxa do patrão. Doroty reclama:
Doroty: "Tira a mão daí, Zildinha... Tá pensando que meu marido é bufet por quilo, que todo mundo pode dar uma beliscada?"
Magalhães dá uma sonora gargalhada, se desequilibra e cai do banquinho.
Zildinha: "Tá vendo... Enquanto eu segurava, a coisa tava firme, agora..."
- III -
Na sala do apartamento, Doroty está sentada no sofá folheando uma revista de fofocas com celebridades. Vê que a empregada passa em direção à cozinha e a chama:
Doroty: “Zildinha, vem cá que eu quero te perguntar uma coisa”.
Zildinha: “Pois não, dona Dô, o que a senhora deseja?”
Doroty: “Para com esse negócio de me chamar de dona Dô, eu não suporto isso, Zil”.
Zildinha: “Eu também não suporto que me chamem de Zil, e a senhora chama, seu Maga também.”
Doroty: “Magalhães sabe que você chama ele de Maga?”
Zildinha: “Sabe não. Eu não chamo na frente dele, só por trás”.
Doroty (baixinho em aparte): “Por trás, Magalhães gosta, então não sei...”
Zildinha: “Como disse?”
Doroty: “Nada, nada, esquece. Então ficamos assim: eu sou Doroty, sem o dona, isso envelhece demais a gente. Você é só Zildinha, ok?”
Zildinha: “Pode me chamar de Dinha, eu não gosto mesmo é de Zil”
Doroty : “Tá certo, Dinha... Cada uma...”
Zildinha sentando no sofá ao lado da patroa: “O que é que você queria me perguntar, Doroty?”
Doroty: “Ah, tá... Queria saber se você é namorada desse porteiro da noite, como é mesmo o nome dele?”
Zildinha: “O Juvenal??? Tá me achando com cara de namorar porteiro? Ainda mais o Juve que é um jumento”.
Doroty: “Jumento em que sentido, Zildinha, Dinha...”
Zildinha: “Em todos os sentidos, inclusive nesse que a senhora pensou, Dô...roty”.
Doroty: “Quê isso, Dinha? Eu sou uma mulher casada, bem casada, viu?”
Zildinha: ”Vi, Doroty, vi sim...”
Doroty: “Viu como? Você não falou que não namorava porteiro?”
Zildinha: “E pra ver tem que namorar? Mais essa agora... A senhora quer que eu lhe apresente o jumento?”
Doroty: “NÃO!!! Deixa pra lá... Como é mesmo o nome dele?”
- IV -
Magalhães abre a porta da sala e entra, acompanhado pela belíssima e sensualíssima Teteia, apelido carinhoso de sua adorável secretária de nome Doroteia. Zildinha e Doroty exclamam indignadas:
Zildinha e Doroty: "O que é isso, doutor Magalhães?"
Magalhães responde e faz as apresentações: "Isso que vocês querem dizer é essa? Teteia, minha nova secretária, de nome Doroteia; Doroty, minha esposa; dona Zilda, nossa secretária para assuntos domésticos"
Zildinha: "Secretária para assuntos domésticos? Gostei, vou pedir reajuste".
Doroty debochando: "Muito prazer, Te-teia..."
Doroty fala baixinho para o marido: "Posso saber por que o senhor trouxe esse bibelô aqui pra casa, seu Magalhães? Quem já tem uma Doroty não precisa de Doroteia"
Magalhães: "Não seja ciumenta, não seja ciumenta... Logo tudo será esclarecido. Teteia veio passar uns dias, talvez umas semaninhas conosco, está se separando do marido e não quer nem ouvir falar de homem em sua vidinha futura, não é, Teteia?"
Teteia faz que sim com a cabeça, puxa um lencinho minúsculo do decote e enxuga suas lágrimas de crocodilo.
Zildinha, em aparte para a plateia: "Magalhães está no auge da impotência, quer dizer, da prepotência. Agora, além da mulher e da empregada, quer comer a secretária. Mas ele não perde por esperar, logo logo Dodô dará o troco, o Juvenal jumento que se prepare..."
- V -
Sentada no sofá da sala, com a TV ligada, mas sem som, Doroty chora. Zildinha entra e pergunta:
Zildinha: "O que é isso, Dodô? Seu Maga fugiu com a secretária?"
Doroty: "Pior, Zil, muito pior... Descobri que a tal de Teteia nem mulher é. Trata-se de um traveca, um traveca, Zil, vê se pode...
Zildinha: "Nossa, Dô... Não sabia que seu marido gostava dessas coisas."
Doroty: "Agora, o Maga é meu marido, né, sua cachorra...? Fique sabendo que o MEU marido não gosta dessas coisas. Só trouxe Teteia pra disfarçar seus verdadeiros sentimentos pela vizinha do 507, aquele safado..."
Zildinha: "Ah, bom..."
Doroty: "Bom o quê, Zil?"
Zildinha: "Pense bem, Dodô... Imagina se o nosso Maga gostasse dessas coisas. Mas como foi que você descobriu o segredo de Teteia?"
Doroty: "Entrei no banheiro social pra procurar meu delineador, a porta tava encostada, por falar nisso, você viu meu delineador, Zildinha?"
Zildinha: "O delineador tá no quartinho dos fundos, peguei emprestado, mas esquece isso e conta o resto."
Doroty: "Então, abri a porta do banheiro e entrei, Teteia tava lá, com aquilo de fora, nossa..."
Zildinha: "Nossa o quê? Conta tudo?"
Doroty: "Tudo, nada... Saí correndo, fechei a porta do banheiro, desci as escadas como uma louca... Se não fosse o porteiro..."
Zildinha: "Se não fosse o porteiro, o quê?"
Doroty: "Então, o porteiro, o tal do jumento que você falou, tava lá no hall, me segurou, me agarrou, se não fosse ele tinha caído...
Zildinha: "Segurou você e o que mais?"
Doroty: "Eu agradeci, ele disse 'de nada' e passou a mão na minha bunda, o tarado. Por pouco não sento o guarda-chuva na cabeça do infeliz."
Zildinha: "Que guarda-chuva, Dô? Vai dizer que você pegou o guarda-chuva antes de fugir?"
Doroty: "Não, Zildinha... É só o modo de falar, parece que não tem imaginação. Não sentei guarda-chuva nenhum na cabeça do jumento."
Zildinha (em aparte para a plateia): "Não sentou, mas bem que queria... Te conheço, dona Dô... Mas não tiro sua razão, o jumento do Juvenal não é de se jogar fora..."
- VI -
Zildinha e Doroty na cozinha do apartamento. Zildinha bate um bolo, Doroty abre a geladeira e pega um refrigerante.
Doroty: "Zil, e a vizinha do 704? A tal que pinta o cabelo de verde-musgo, voltou da maternidade?"
Zildinha: "Voltou e trouxe a criança..."
Doroty: "Lógico, né? Queria que ela deixasse o bebê na maternidade? Cada uma..."
Zildinha: "Ahahaha... Tem razão, mas até que seria uma boa ideia, você não sabe o barraco que ela armou com o pobre do marido."
Doroty: "Sério? Depressão pós-parto?"
Zildinha: "Sei lá... Não entendo dessas coisas. Sei que foi por causa do nome da menina, a verde-musgo gritava: 'Seu estúpido, seu saco de bosta, eu falei pra você registrar como Lúcia Helena, entendeu? E não Lucilene, seu babaca. Lucilene é nome de favelada, vem cá, desgraçado..."
Doroty: "Sério, Zil? E seu Arnoldo, coitado?"
Zildinha: "Fugiu, Doroty, queria que ele fizesse o que? Desceu correndo as escadas, me lembrei da senhora fugindo do travecão..."
Doroty: "Não me fale mais nisso! Não quero lembrar desse episódio dantesco. Mas também, né? De Lúcia Helena pra Lucilene tem uma diferença abismal. Lucilene é nome de pobre mesmo, nome de emprega..."
Zildinha: "Dona Doroty, só não lhe pergunto se a senhora sabe com quem está falando porque não gosto de exorbitar dos meus atributos."
Doroty: "Desculpa, Zildinha, foi sem querer... É que nós duas somos amigas, né? Unha e carne, e você não é empregada, é a nossa secretária para assuntos domésticos. Mas conta o resto do entrevero."
Zildinha para a plateia: "Entrevero deve ser o barraco, né? Que mulher besta essa minha patroa..."
Zildinha para Doroty: "Então, a verde-musgo gritou, esperneou, falou que não queria saber de filha com nome de Lucilene, ameaçou até jogar a criança em cima do seu Arnoldo e da mãe dele, coitada..."
Doroty: "Depressão das brabas, conheço isso. Como é que a encrenca terminou?"
Zildinha: "Terminar mesmo não terminou. Tá lá trancada no banheiro, chorando. Teve uma hora que alguém ouviu ela pedir: 'Magalhães, Magalhães, vem salvar nossa filha dessa desgraça anunciada."
Doroty: "O QUÊ??? Magalhães, meu marido? O cachorro andou pulando a cerca do 704? Eu mato esse desgraçado, mato ele, Teteia, Verde-musgo, mato até..."
Zildinha: "Calma, patroa, vira esse facão pra lá, depois tem tanto Magalhães nesse mundo de meu Deus, né? Pode ser que nem seja ele."
Zildinha pisca para a plateia enquanto Doroty sai de cena, supostamente enfurecida.
- VII -
Zildinha, sempre com seu uniforme de empregada doméstica, fala ao telefone no living do apartamento.
Zildinha: "O que, seu Maga? Claro... Tá furiosa com o senhor. Saiu, nem sei pra onde. Tomara que não tenha ido tomar satisfações com a verde-musgo.
Pausa. Zildinha fala uns "aham.." Balança a cabeça, afasta o telefone do ouvido, com cara de quem protesta. Não percebe que Doroty abriu a porta e entrou em cena.
Zildinha: "O que é que você queria, doutor Magalhães? Mulher nenhuma aguenta tanta safadeza..."
Zildinha olha pra trás e dá de cara com sua patroa Doroty, solta um grito estridente e desmaia no sofá da sala. Vinda do telefone, voz de Magalhães diz, ansioso:
Magalhães (voz no telefone): "Alô, alô... Zildinha, que grito foi esse, menina? Não me assuste, não me assuste..."
Doroty pega o fone pendurado e diz para Magalhães no outro lado da linha: "Seu cachorro... Você MATOU Zildinha, eu vou te capar, cafajeste!"
- VIII -
Palco às escuras.
Voz de homem com sotaque italiano: "Foi aqui que pediram a luz do Senhor?"
Voz de Zildinha: "Acho que foi, o senhor é o técnico da Light?"
Voz do italiano: "Ma que Light? Eu sou o padre, o pároco, capisce?"
Voz de Doroty: "Ah... Foi daqui sim, pode entrar, seu padre."
Voz de Magalhães, sussurra para Zildinha: "Que novidade é essa, Zil? Um padre pra que?"
Voz de Zildinha, sussurra para Magalhães: "Dona Doroty acha que a casa tá precisando de um exorcismo, seu Maga. Diz que os maus espíritos tomaram conta do pedaço."
Voz de Doroty para o padre: "Por aqui, monsenhor... por aqui, vai benzendo tudo que a coisa tá feia aqui em casa. Até sem luz material nós estamos..."
Voz do padre italiano: Ma o que isso? Alguém tá puxando a minha batina, larga, sai... Encostou o trabuco nas minhas nádegas sagradas, sai, satanás..."
Voz de Zildinha: "Que satanás que nada... É Juvenal Jumento agarrando o pobre do padre. Nem o papa esse aí respeita."
Voz de Magalhães: "Quem deixou esse filho da puta entrar? Segura o cara que eu vou encher de porrada..."
Voz de Doroty: "Me larga, safado. Sai, Magalhães... Tira a mão. Sou eu Doroty, sua ex."
Voz de Zildinha: "Juvenal, é você, seu jumento? Já vi que é... Para com isso, não, Juvenal, nãããooo..."
Voz do padre: "Porca miséria... É a casa do demo. Vou me queixar ao bispo..."
- IX -
Na mesma sala do apartamento, Doroty está sentada no sofá com um bebê no colo. A seu lado, Teteia e a mulher do 502. Zildinha está em pé, conversando com Doroty.
Zildinha: "Fugiu como, Dô? Que novidade é essa?"
Doroty: "É isso mesmo que eu falei pra vocês. Magalhães, aquele canalha do meu ex-marido, fugiu com a tal de Doralice, a vagabunda do 704. O canalha fugiu com a vadia...
Zildinha: "Não fala assim da mãe na frente da filha, Dona Dô. Isso pode criar um trauma."
Mulher do 502: "Péra aí... Esse bebê é a filha da Doralice, a safada do 704?"
Teteia: "E a senhora que eu não conheço, posso saber a sua graça?"
Mulher do 502: "Eu sou a Dorvalina, ou a putinha do 502. Não é assim que você me chama, Doroty?"
Zildinha: "Vamo pará, vamo pará... Antes que eu ligue o ventilador e aí vocês já sabem o que vai acontecer."
Doroty: "Zildinha tem razão, vamos esquecer as traições do passado (bebê abre o berreiro) O presente nos chama."
Doroty dá a mamadeira para o neném, que para de chorar.
Zildinha: "Doroty, tem certeza que o seu Maga fugiu com a verde-musgo e deixou a criança pra senhora criar?"
Doroty: "Tenho certeza sim, Zildinha. Nunca tive filhos com o safado, agora ele me deu essa da vizinha. Nem nome ainda tem a pobrezinha..."
Dorvalina do 502: "Tem sim, é Lucilene, lembra não?"
Zildinha: "É mesmo, o nome dela é Lucilene... Foi isso que deu origem ao entrevero."
Teteia em aparte: "Zildinha agora deu pra falar difícil. Detesto empregada metida a besta."
Doroty: "Então... Magalhães fugiu com Doralice, a verde-musgo do 704, abandonaram a filhinha recém-nascida, de nome Lucilene, e o safado ainda esqueceu a esposa Doroty, a secretária Doroteia e a ex-amante Dorvalina, sem falar na Zildinha, que é...
Zildinha: "Que é o que, dona Dô? Veja lá, veja lá..."
Doroty: "...Que é uma excelente empregada, melhor dizendo, nossa assistente para assuntos domésticos, agora também promovida a baby-sitter padrão internacional."
Zildinha: "Mais essa agora..." (Tocam o interfone e Zildinha vai atender)
Teteia: "E agora, dona Doroty? O que será de nós quatro? A senhora e a putinha do 502 sem homem; eu e Zil sem patrão..."
Doroty: "Logo logo, Magalhães arranja uma Dóris ou Dolores, vocês vão ver. Doralice que se cuide. Quanto a nós, vamos voltar ao pobre e triste cotidiano, coitado...
Zildinha volta e diz: "Coitado de quem, Dô? Era o Juvenal no interfone, queria saber se a senhora vai precisar dele mais tarde."
Dorvalina do 502: "Juvenal, o porteiro, famoso jumento???"
Zildinha: "Você também, Dorvalina? Eu não acredito..."
(Pano rápido. Bebê abre o berreiro.)