segunda-feira, 14 de agosto de 2017

DEMOCRACIA GOELA ABAIXO

Espero que um dia eu me arrependa, mas por enquanto preciso confessar que muitas vezes sinto-me descrente do verdadeiro poder transformador da democracia, aquela do voto OBRIGATÓRIO de quatro em quatro anos, ou de dois em dois.
Não sou a favor de nenhuma solução estúpida, como intervenção militar, mudanças apressadas na Constituição ou reformas políticas de gabinete. A melhor saída será sempre deixar que os eleitores escolham seu próprio destino, por mais semelhante ao trágico passado que ele venha a ser.  A minha descrença deve-se à convicção de que  democracia sem consciência vale tanto quanto a palavra de alguns políticos que todos conhecemos. 
O populismo, ao longo de muitas décadas, plantou raízes sólidas em boa parte do povo brasileiro. Não foi só no Brasil que isso aconteceu, é claro. A tentação de resolver problemas complexos com soluções rápidas e de fácil aceitação ressurge sempre que a economia de um país começa a derrapar. Por aqui, as propostas "salvadoras" se repetem: tirar dos ricos para dar aos pobres, acabar com a fome, garantir bolsas e programas para combater a desigualdade com recursos públicos e, com o dinheiro desviado, comprar apoio político daqueles que estão sempre à venda.
Há também a ressaltar a preguiça do eleitor, a mesquinharia do jornalismo que virou mídia (sempre ávido por escândalos que lhe garantam o Ibope), as insaciáveis reivindicações dos sindicatos, o poder das associações de juízes, promotores, funcionários públicos, todos voltados a defender seus próprios interesses. O populismo responde a tudo isso resumindo a realidade a uma luta incansável de santos contra demônios, eternamente o bem contra o mal. Não é tão simples assim, mas quem acredita que a maioria gosta de pensar antes de escolher seus candidatos? Em 2019, o desafio é novo, as soluções também têm de ser. Por enquanto, vamos deixar a liberdade pisar em ovos. Depois...